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Mostrando postagens de 2005

O melhor de dois mundos.

Levei muito tempo para descobrir a delícia de tricotar com uma amiga. Nessa vida sempre estive em companhia dos homens ou sozinha. Cresci no campo, cercada de silêncio. Minha mãe (minha amiga) sempre foi uma mulher prática. Nunca a vi perder horas se arrumando, nem se permitindo luxos femininos. Maquiagem passou ao largo. Meus irmãos, homens, eram minhas melhores companhias, ou melhor, os amigos dos meus irmãos. Minhas lembranças solta no mato são de muita conversa interior, profunda comunhão com a natureza, ou brincadeiras de polícia e bandido no bosque, escaladas de árvores e morros,  Mountain bike (quando isso nem existia de fato), montaria e jogo de futebol americano no campo da Coudelaria do Exército, que ficava vizinho à chácara.  Sempre cercada de moleques, eu era boa de luta. Não porque fosse truculenta, mas porque, pequena e franzina, eu me dava o direito de fazer cócegas, dar umas mordidas ou puxões de cabelo. Muito justo já que não podia ganhar pela força bruta. Eu era uma

Solidariedade: A mais bela face do ser humano

Há dois momentos mágicos na vida em que podemos ser profundamente tocados e que nos fazem acordar para as coisas que verdadeiramente importam. Um desses grandes momentos acontece quando temos a oportunidade de ajudar alguém. Somos muitas vezes surpreendidos com o bem estar, quase que inexplicável, que vem ao nosso encontro quando resolvemos socorrer outra pessoa. Tudo fica mais bonito e nos sentimos leves, de bem com nós mesmos e com a nossa posição no mundo. O outro grande momento, nós o vivemos quando temos a oportunidade de estar do outro lado dessa experiência. Quando alguém estende seus braços, de onde menos esperamos, para nos ajudar. É um momento difícil porque estamos vulneráveis, mas, descobrir que não estamos só é um agradável sentimento que nos conforta a dor. É como um milagre que vem, especialmente, bater à nossa porta. Nessas ocasiões, é comum dizer ou escutar, que não há palavras para agradecer, mas nem é preciso, pois quem dá e recebe ajuda vive uma emoção que tem val

A história de um gato

Havia um gato de rua, enorme, que de vez em quando aparecia lá em casa para filar alguma bóia. Eu o chamava de Gatão. Ele trazia no corpo as marcas de muitas lutas, algumas bem profundas. Já havia perdido parte da orelha e tinha o couro cascudo. De tão surrado parecia velho, mas era ainda bonito e forte. Sua personalidade transpirava dignidade e coragem. Logo que mudei para lá tive o (des) prazer de conhecê-lo, pois ele precisava mostrar ao meu gato Dengo (que nome infeliz, feito para apanhar) quem era o dono da rua. Resolvi a situação fazendo um trato com ele. Ele não batia no meu gato dentro do meu território (minha casa e jardim) e, em troca, ganhava comida. Um dia, da sacada da minha janela presenciei algo notável.O Gatão estava junto ao meu gato Dengo (que aprendeu rapidinho quem mandava na rua) na calçada do outro lado da rua. Algumas casas abaixo o vizinho soltou dois pastores para ficarem à rua um pouco. De cara imaginei o pior! Os cães, quando viram os gatos saíram em dispar

Blog para mim é...

Gostaria de falar um pouco o que descobri sobre a blogosfera nesses dois meses de blogagem do Pinkareta. O mais importante foi ter feito novos amigos. Diferente daqueles que conhecemos no bar, nas festas, no trabalho. Esses novos amigos eu não conheço pessoalmente. Raros são os que colocam fotos em seus Blogs, não que isso seja relevante. Sabemos que um mora em Brasília, o outro em Washington, outro em Porto Alegre e tem aquele lá no Canadá. Um é casado, outro tem filhos do primeiro casamento. Muitos são estudantes, outros sábios macacos velhos. De muitos poucos sabemos suas profissões, ou sua rotina de vida, seu poder aquisitivo. Isso não tem importância nenhuma, o que vale mesmo são suas palavras. Quando conhecemos alguém pessoalmente levamos horas, senão dias ou semanas, para conhecer o ser que habita aquele corpo, que nos seduz por sua beleza, ou nos é indiferente. Não porque somos realmente levianos, mas porque precisamos avaliar o território antes de nos expor tanto. Mas, quem te

Que saudades!

Interior é mesmo um encanto... Fomos apenas visitar uns parentes numa típica cidade no Sul de Minas que nem turística é. Nada além da esperada praça central, gente boa, família e aquele deixa estar que vai contagiando todo mundo, devagarzinho, sem fazer força, até que você, no primeiro dia de volta ao mundo moderno, se vê na internet, procurando sítio para comprar lá por aquelas bandas.  Tem coisa mais bacana do que juntá a família e deixá a criançada brincando com os primo? Um corre dicá, outro prá lá, pelo quintal de terra... Outro sobre na mangueira... Os cachorro tudo doido embaixo querendo subi também. Daí, de tardinha, vem aquele café quentinho com broa... Depois um passeio na praça para tomar sorvete. A filha pede picolé de amendoim...  Nessas pequenas cidades o antigo e o moderno fazem de tudo para coexistir. Na mesma praça, o bar nostálgico, com o tio dos picolés caseiros e a sorveteria self-service com milhões de sabores e acompanhamentos. Nas mesas de rua, gente conhecida,

Pelo sim e pelo não vamos de Halloween

Como não dá para ir ao México curtir o dia dos Mortos, entramos de cabeça na festa de Halloween do condomínio. Todo ano é feita uma festa no salão e depois a criançada sai de casa em casa pedindo doces. Para alegria da filhota, de nove anos, cuidei da decoração na frente da nossa casa. Um sucesso total! Eugênio, o fantasma, foi a melhor atração da rua.

A festa da terceira Idade

Ontem acompanhei minha mãe para um bingo da terceira idade promovido por uma associação de idosos. A festa aconteceu no Clube Concórdia, no estádio coberto - um projeto de arquitetura fantástico. Pensei que era coisa que nem merecia destaque até ver a imensidão de carros estacionados. Dentro, milhares de velhinhos e outros não tão velhinhos assim se acomodavam nas arquibancadas, sentadinhos em almofadas trazidas de casa, junto à inseparável caixa de isopor, com lanchinhos caseiros e garrafas térmicas, com suco ou café. Chegamos atrasadas e sentamos nas escadarias. Um senhor me disse logo na entrada que alguns já estavam lá antes do amanhecer. Na quadra vários prêmios: geladeiras, máquinas de lavar, fogãos, fornos de micro-ondas, DVD, ventiladores, panelas de pressão, relógios de paredes, liquidificadores. Ao som, a voz do maestro do espetáculo, o vereador Cid Ferreira. Um senhor com cara simpática. Me disseram que ele é re-eleito a anos e sempre trabalha pelos bons velhinhos. - Atenção

Mundo eletrônico

Hoje li o seguinte no blog do Filthy McNasty:  Na minha infância, o sistema era ainda completamente manual –o cliente chegava ao caixa de sua agência, entregava um cheque, o funcionário se dirigia a um arquivo que ficava por trás do balcão, comparava a assinatura do cheque à da ficha, verificava uma segunda ficha na qual estava anotado o saldo disponível do sujeito, anotava a quantia a ser deduzida, voltava ao caixa, pagava o dinheiro, carimbava o cheque ritualmente meia dúzia de vezes. Next. Fiquei absolutamente encantada de lembrar que era desse jeitinho mesmo! Viajei no tempo... Nessas horas a gente percebe a velocidade das mudanças. Lembra que nem tinha computador. Ninguém tinha! Quando digo isso para a minha filha de nove anos ela me devolve um olhar perdido, sem conseguir imaginar um mundo assim. Televisão colorida, minha filha, apareceu na minha infância e eu me lembro de receber os amigos em casa para a mais assombrosa e divertida tarde de televisão da rua. Nada de games, DVD,