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Mostrando postagens de dezembro, 2025

DAQUI A CINCO ANOS...

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Dentro de cinco anos, o mundo terá atravessado uma curva de aceleração que hoje ainda parece ficção. Não porque a tecnologia será esmagadora, mas porque nós seremos maiores do que nosso próprio espanto. A inteligência artificial deixará de ser o fenômeno cintilante que ocupa manchetes e debates, e se tornará parte invisível da infraestrutura da vida, assim como eletricidade, internet, GPS. Tudo funcionará um pouco melhor, não porque máquinas serão perfeitas, mas porque estaremos menos sobrecarregados de tarefas pequenas e, portanto, mais disponíveis para tarefas maiores: pensar, decidir, criar, reconciliar, pesquisar, compor, empreender. A IA deixará de ser espetáculo e se tornará ecossistema: um copiloto silencioso, sempre acessível, que dialoga com você, modela cenários, detecta riscos, sugere alternativas e permite que qualquer pessoa, de qualquer idade, finalmente trabalhe na velocidade do pensamento, como uma extensão do raciocínio, para criar projetos, negociações, estudos. O pro...

ENTRE PONTOS E TELAS

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Uma mulher borda à luz de vela.  A espera não é vazia: cada ponto é memória, cada fio é um pensamento que se alonga. Enquanto as mãos se ocupam, a mente visita lembranças, pesares, alegrias. O silêncio, nesse tempo, tinha voz própria, dizia coisas, oferecia respostas. Hoje, nós também esperamos. Mas diante de telas, não de velas. Absorvidos em imagens que passam sem deixar marcas, deixamos o tempo correr como se não fosse nosso. Não há o mesmo silêncio, não há o intervalo que deixa o pensamento existir. Outrora, caminhar até a escola ou o trabalho era ocasião para dialogar consigo mesmo. O trabalho manual repetitivo "costurar, plantar, carpir" permitia uma meditação escondida. Esperar na janela, no banco da praça, no ponto de ônibus, era uma pausa onde cabia devaneio. Até a leitura lenta, feita em voz baixa ou apenas com os olhos, abria espaços de reflexão. Hoje, em vez de conviver com o silêncio, fugimos dele. Mas talvez seja nele, nesse lugar fértil de antigamente, que aind...