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A festa da terceira Idade





Ontem acompanhei minha mãe para um bingo da terceira idade promovido por uma associação de idosos. A festa aconteceu no Clube Concórdia, no estádio coberto - um projeto de arquitetura fantástico. Pensei que era coisa que nem merecia destaque até ver a imensidão de carros estacionados. Dentro, milhares de velhinhos e outros não tão velhinhos assim se acomodavam nas arquibancadas, sentadinhos em almofadas trazidas de casa, junto à inseparável caixa de isopor, com lanchinhos caseiros e garrafas térmicas, com suco ou café. Chegamos atrasadas e sentamos nas escadarias. Um senhor me disse logo na entrada que alguns já estavam lá antes do amanhecer. Na quadra vários prêmios: geladeiras, máquinas de lavar, fogãos, fornos de micro-ondas, DVD, ventiladores, panelas de pressão, relógios de paredes, liquidificadores. Ao som, a voz do maestro do espetáculo, o vereador Cid Ferreira. Um senhor com cara simpática. Me disseram que ele é re-eleito a anos e sempre trabalha pelos bons velhinhos. - Atenção gente! Vamos para a última rodada do bingo! Última geladeira! Atenção... Depois de algumas rodadas de números, alguém grita na arquibancada. Uma moça agita a bandeira e dá sinal que tem ganhador nas proximidades. O locutor avisa ao ganhador que desce as escadarias animado. - Calma... gente... Desce com calma... Não esqueça de trazer a carteirinha de associado e o recibo do mês. Encaminham o senhor à uma mesinha para deixar seus dados. Todo cuidado é pouco com os velhinhos. Olho a minha volta. Agora vai começar os sorteios. O locutor avisa que vai valer o número que vem junto com as cartelas. Os simpáticos cidadãos agarram firmemente cada um o seu papel. Alguns dobram o papel até ficar visível apenas o número... para não desviar a atenção de mais nada! Chega a ser comovente... Lá embaixo na quadra um guri agita os papeizinhos e pega um número. Assim vai. Vão se acabando os prêmios e eu fico com meu coração apertado, torcendo para algo sair para o casal de velhinhos à minha frente. Ganharam um ventilador, que uma amiga, muito apropriadamente, depois me contou que é chamado de desconfiado, aquele ventilador que fica olhando de um lado para outro. Duas horas da tarde e acabou a festa que começou às oito. Todos foram saindo calmamente. Alguns felizes com os seus prêmios a mãos. Queria ter levado uma máquina fotográfica para capturar alguns momentos preciosos. Para a maioria, esse era o maior e mais importante acontecimento do ano. Não ganhamos nada, eu e minha mãe, mas confesso que no meio daquele mar de idosos cheios de esperança nos olhos, a gente estava torcendo mesmo para não ganhar nada. Fomos almoçar no restaurante do clube...

Comentários

Gostei desse artigo, importante informar com qualidade as pessoas na terceira idade, grupo cada vez mais numeroso.
Abraços !

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